top of page
Buscar
Foto do escritorPaulo de Oxalá

O Legado de Seu José Jorge Macuco de Oxum, relatado por Marcelo de Jàgún


Foto: Jàgún e Oxum – arte Pai Paulo de Oxalá


Marcelo de Jàgún foi herdeiro de Macuco e teve casa em Mesquita

 

Nos idos de 1970, tive a honra de conhecer Marcelo de Jàgún, um devotado filho de santo e herdeiro espiritual de Seu José Jorge Macuco, sacerdote consagrado para Oxum e Obaluaiyê. Seu José Jorge foi iniciado por ninguém menos que o icônico Tata Fomutinho, Tata Fomutinho era um profundo conhecedor dos mistérios do Candomblé Jeje e da linhagem Mahin, pois foi iniciado no Séja Ɦʊ̀ɲɗe, em Cachoeira de São Félix, Bahia. Ele tornou-se um verdadeiro ícone da tradição Jeje no Rio de Janeiro, onde dedicou sua vida a formar uma geração de grandes Vodunsis, como Ɠʊ́mɓoɲo Jorge de Yemanjá, Djalma de Lalu, Belinha de Oxóssi, Đoté Zezinho da Boa Viagem e Esmeralda de Sogbo.

 

Marcelo, que tinha apreço ao Seu José Jorge não como pai espiritual, mas também um grande amigo, não só absorveu seu conhecimento, mas também herdou seus Voduns e deu continuidade ao legado, fundando sua própria casa de axé em Banco de Areia, Mesquita. Segundo ele, o apelido "Macuco" fora dado por Tata Fomutinho em referência à cidade natal de Seu José Jorge, situada no Nordeste Fluminense. Marcelo o descrevia como um homem negro, alto, forte e de beleza singular. Seu Zé Macuco, como era carinhosamente chamado, era um sacerdote vaidoso, vestindo-se com elegância em batas e torsos impecáveis, adornado com anéis e pulseiras de ouro, presentes de seus clientes e filhos de santo.

 

A fama de Seu Zé Macuco atravessava fronteiras, especialmente pela precisão de seu jogo de búzios, que não apenas revelava os mistérios do destino, mas também oferecia conselhos plenos de sabedoria e poder. Seu terreiro, com o muro rosa localizado em uma ladeira de Vilar dos Teles, era conhecido por todos que buscavam amparo espiritual e respostas para as dúvidas da vida. Marcelo contava que a proximidade do barracão de Seu José Jorge ao de Tata Fomutinho em São João de Meriti era um verdadeiro ponto de força da tradição Jeje no Rio de Janeiro.

 

Seu Zé Macuco foi um dos grandes expoentes do Jeje Mahin, lado a lado com o Seu Tata Fomutinho e outros sacerdotes, perpetuando os ensinamentos da Roça do Ventura, ou Terreiro Zógbódó Màlé Seja Húnde, matriz do Jeje Mahin no Brasil. Sua presença e sabedoria continuam a inspirar novas gerações, mantendo viva a chama dos conhecimentos ancestrais.

 

Marcelo de Jàgún, embora tenha partido jovem no final dos anos 1980, deixou sua marca como um exímio dançarino e cantor, em yorùbá e na língua fon, encantando a todos ao dançar para os Orixás e Voduns. Marcelo também era conhecido por atender com Maria Padilha da Calunga, realizando trabalhos que eram considerados verdadeiros milagres.

 

Hoje, agradeço a Mawú-Lissá por ter cruzado meu caminho com Marcelo de Jàgún, cuja fé e conhecimento enriquecem até hoje minha jornada espiritual. Seu relato sobre José Jorge Macuco e sua história serão sempre reverenciados com o devido respeito.

 

Mìƙƥá Ɦoùnòm Ʋòdʊ́ɲ! (Salve os Sacerdotes de Vòɗʊ́ɲ!)


Àcé Ɠoɲzóɲ!

10 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


WhatsApp-icon.png
bottom of page